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Na 1ª metade deste post sobre Lutas, exploramos as Modalidades de Posição Ortostática Predominante do Episódio 4 de 10 da Série RECNEWS. Agora, explicaremos a História, Especificações Técnicas e Curiosidades das Modalidades de Solo, como o Wrestling/Luta Olímpica, e o Judô, nos aprofundando ainda mais sobre o Jiu-Jitsu e o MMA.

Conheça as principais curiosidades sobre Superfícies para Lutas de Solo

Como visto na Parte 1, ao longo dos anos, o ser humano utilizou as Lutas para manter seu condicionamento físico, caçar e sobreviver. O Homem Primitivo participava de disputas tribais que envolviam embates físicos com  inimigos por alimentos, territórios e riquezas.

Algumas das formas de combate mais antigas do Mundo são as chamadas lutas agarradas (corpo a corpo), reconhecidas como Esportes de Grappling (Agarramento). Estima-se que as primeiras disputas com essas características possam ter ocorrido no Egito em 2.400 a.C. 

Wrestling/Luta Olímpica, Judô, Jiu-Jitsu e MMA são exemplos de Artes Marciais que pertencem à categoria das Lutas de Solo.

História do Wrestling (Luta Olímpica)

O Wrestling era disputado nas Olimpíadas da Grécia Antiga por volta do ano de 708 a.C. Os wrestlers se enfrentavam dentro de um círculo de areia sem qualquer tipo de roupa para que todos vissem que não levavam armas escondidas. A prática também foi difundida no Império Romano; por isso o nome Luta Greco-Romana.

Dividida em duas modalidades, na Luta Olímpica os praticantes usam os braços e o tronco, enquanto a Luta Livre permite o uso das pernas. No entanto, ambas as modalidades têm o objetivo de imobilizar o adversário de costas para o chão, com seus ombros encostando na superfície. O tempo de luta são 2 rounds de três minutos cada, com decisão por pontos, golpes e punições, caso o vencedor não seja definido nesse limite de tempo.

A Federação Internacional das Lutas Associadas (FILA) foi instituída em 1912, sendo unificada e mudando seu nome para United World Wrestling (UWW) em 2014. Porém, a modalidade faz parte do programa Olímpico desde a edição inaugural moderna de Atenas em 1896. O Wrestling não chegou a participar da edição olímpica em 1900, mas desde então esteve presente em todos os Jogos desde 1904.

Manta Olímpica para Wrestling

A Manta Olímpica certificada para competições oficiais da UWW possui 12x12m, com 60mm de espessura. O círculo central ou Área de Combate tem 7m de diâmetro, enquanto o anel em volta desta superfície é chamada de Zona de Passividade com 1m de largura. Fora deste ambiente fica a Área de Proteção a partir da qual a Luta é interrompida se houver a pisada de um atleta de pé, um toque das duas mãos de um competidor ajoelhado ou uma encostada de cabeça de um lutador deitado sobre sua barriga.

História do Judô

O Judô teve como base o Ju Jutsu, um conjunto de artes marciais japonesas, acumuladas até o século XVII, que tinham como objetivo derrotar oponentes com armadura e arma branca no campo de batalha de guerra sem o uso de armas. Com o declínio da classe dos Samurais em 1868, as formas de combate dotadas de marcialidade se tornaram obsoletas, e o foco se voltou para a autodefesa contra oponentes sem armadura em sociedades civis.

Dentro desse contexto, surge em 1882 o Judô Kodokan, que prezava pelo “caminho suave” ou a máxima eficiência na aplicação dos golpes com o mínimo de esforço, utilizando alavancas, o peso e a tensão corporal do oponente contra ele mesmo. Com isso, permitia que judocas de estatura menor derrubassem, imobilizassem e derrotassem adversários maiores que eles sem golpes traumáticos.  

O Judô teria sido incluído no programa da Olimpíada de Tóquio em 1940, caso a edição não tivesse sido cancelada devido à Segunda Guerra Mundial, perdida pelas forças do Eixo, do qual o Japão fazia parte. A Federação Internacional de Judô (IJF) foi criada em 1951, e a modalidade finalmente se tornou Olímpica, emblematicamente, nos Jogos de Tóquio 1964.

A área de competição oficial da IJF possui as medidas de 14×14 ou 16x16m, com área de combate de 8×8 ou 10x10m, circunscrita pela zona perigosa e área de segurança, formada por Tatamis Olímpicos de Espuma de Poliuretano Revestida de 50mm.

Jiu-Jitsu

Acredita-se que Artes Marciais precursoras do Jiu-Jitsu possam ter surgido no Japão antes de 1.500 a.C, mas sua história escrita começa entre 710 e 794 d.C, combinando formas iniciais de Sumô e outras técnicas japonesas. Especula-se que tenha também influências de artes marciais indianas e chinesas, praticadas por monges, como o Wushu ou Kung Fu.

O Jiu-Jitsu teria sido praticado no Brasil desde 1908 por oficiais da Marinha que viram em suas técnicas de autodefesa, imobilização e, principalmente, em sua disciplina uma forma de contenção das revoltas pós-abolicionistas da corporação. A modalidade parecia contrastar com a Capoeira, comumente praticada pelos marujos afrodescendentes, já que, na época, apesar da sua grande contribuição histórico-cultural durante o período da Escravidão, ela era considerada por alguns como uma Dança, ou Luta, de malandro.

Em 1914, o Jiu Jitsu foi trazido ao Brasil de maneira mais significativa por um grande mestre de artes marciais japonês e passou a rivalizar com outros estilos de Luta da época como a Luta Romana, que era coreografada para entretenimento, a Luta Livre, que não era coreografada, e até mesmo o Boxe, e o Savate francês, propiciando diversos desafios desse “Esporte do Samurai”, como era conhecido por dinheiro em Circos.

O Jiu-Jitsu ainda não é considerado um Esporte Olímpico, os principais motivos: a falta de unidade entre as federações internacionais, como  a Ju-Jitsu International Federation (IJJF), criada em 1987, e a International Brazilian Jiu-Jitsu Federation (IBJJF), fundada em 2002, e que, curiosamente, tem sede atualmente nos Estados Unidos, dificultando a aferição da quantidade de praticantes registrados exigidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), e a complexidade e a subjetividade das regras de pontuação, punição e finalização que resultam na vitória.

O Jiu-Jitsu tem como objetivo derrubar e imobilizar o oponente através de técnicas de projeção e queda, imobilização, como o joelho na barriga e a montada, inversão de posições, quando o lutador se encontra por baixo, perdendo o domínio da Luta, como a passagem de guarda e raspagem. Sendo definida por finalização ou contagem de pontos, evitando-se punições que podem acarretar na perda de pontos, ao invés de contabilizar pontos para o adversário, como em outras modalidades, ou até em sua desclassificação.

MMA

A modalidade de MMA combina elementos de estilos de Luta de Posição Ortostática Predominante e os combates de Solo.

Com influências do “Vale-Tudo”, praticado no Brasil, a partir da segunda metade da década de 30, o MMA (Mixed Martial Arts) evoluiu gradativamente a partir do Jiu-Jitsu Brasileiro (BJJ) entre as décadas de 30 e 90, combinando artes marciais com vitória decidida de pé, no clinch, com a aplicação de golpes e até knockouts (KO), como Karatê, Muay-Thai, Boxe e Kickboxing, ou no chão por submissão (tap out), finalização, nocaute técnico (TKO), ou pontuação, como o Judô, Jiu-jtsu e Wrestling.

Por conta dessa combinação, as lutas de MMA resultam em um grande arsenal de técnicas à disposição dos praticantes, usando golpes com os punhos, cotovelos, pés e joelhos, além de agarramentos (grappling), lançamentos, alavancas, chaves de braço, leglocks e estrangulamentos.

Atualmente existem duas entidades máximas do MMA: a World Mixed Martial Arts Federation (WMMAF) e a Federação Internacional de MMA (IMMAF), criadas em 2003 e 2012, respectivamente. Essa aparente ausência de unificação não apenas das Federações, como também das regras e medidas dos Octógonos Oficiais, são alguns dos motivos que impedem que a modalidade seja cogitada para se tornar um Esporte Olímpico.

Assista ao vídeo do Episódio 4 da Série RECNEWS sobre Superfícies para Luta:

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